O relacionamento que estabelecemos com o outro é sustentado depois de um tempo pela capacidade de perceber o triângulo afetivo-emocional, como âncora para refinar a comunicação interpessoal e aprender junto, sem comprometer as particularidades de cada um. Denomino Taxa Histórica de Afeto – THA esta espécie de memória individual que acumulamos nos relacionamentos construídos na vida pessoal ou profissional. Estes relacionamentos são ambientes de aprendizagem grupal, uma vez que são os encontros em diferentes cenários e tempos históricos, que nos tornam o que somos agora.
A aprendizagem em grupo possibilita a expansão perceptiva, a partir do objetivo comum que une os diferentes pontos de vistas, frente a mesma situação. Cada um representa o fato, alvo de sua observação, conforme foi educado, condicionado a perceber, seja pelas crenças e valores transformados em hábitos no ambiente familiar, seja pelas normas e regras, disciplinadoras da ética no mundo do trabalho.
O grupo é o recurso de desenvolvimento da metapercepção. É no grupo que a sociabilidade é sensibilizada como capacidade para compreender o outro, respeitando sua história pessoal-profissional e permitindo a metaobservação do sistema eu-outro-nós. Na metapercepção o observador se vê no movimento interpessoal da situação com o outro. A triangulação afetiva-emocional é o movimento contínuo e dialético expresso pela Taxa Histórica de Afeto – THA. Na sessão de intervisão de aprendizagem coaching, o cliente explicitou seu objetivo: “quero ser EU”. Ele não se percebia dentro da ecologia tempo-ambiente, na busca de se encontrar existencialmente. Sua escolha dependia de decisões externas a sua vontade, logo “ser EU”, era seu mecanismo de defesa atuando racionalmente, seu modelo mental e sistema de valores o envolveram para evitar o conflito com a essência humana de seu ser. “Ser Eu” significa mudar.
O poder pessoal expresso pelo EU é integrado pelo poder social, revelado pelo nós, assim, objetivar “ser EU” é admitir-se como soberano, supremo, inatingível, hierarquicamente superior, autossustentável e autossuficiente, o que contraria sua própria crença de mundo e de relacionamento com o outro, neste caso, representado pelo TU. A autopercepção distorcida do coachee o colocou em universo psíquico paralelo, real em sua imaginação, mas, pouco operativo em sua metapercepção do mundo.
